O agressivo 'Odontodactylus scyllarus'
O 'punho' do crustáceo 'Odontodactylus scyllarus', tão forte que
consegue até partir o vidro de um aquário, acelera, debaixo de água,
como uma bala de calibre 22 e é mais duro do que qualquer material
sintético composto, refere um estudo publicado agora na «Science».
Estes crustáceos muito agressivos medem entre três e 18 centímetros de
comprimento e, perto da boca, têm esse chamado 'punho' de cinco
milímetros de largura com o qual atacam os moluscos. Ao longo da sua
vida, este crustáceo dá mais de 50 mil golpes.
A equipe internacional de investigadores que estudou este animal,
encabeçada por James Weaver, da Universidade de Harvard, explica que
estes estomatópodes são um grupo antigo de crustáceos marinhos tropicais
e subtropicais com uma história fóssil que data de mais de 300 milhões
de anos.
O Odontodactylus scyllarus está coberto com uma forte armadura. O
grupo é conhecido pelo seu complexo sistema visual, a sua natureza
solitária e as suas agressivas tácticas de caça.
Estão bastante adaptados ao combate a curta distância. Isto deve-se ao
tal punho, um apêndice que tem variantes que dividem estes crustáceos
entre os que caçam perfurando a sua presa e os que as destroem com
golpes muito rápidos. Foi esta estrutura que os investigadores
analisaram com microscópios electrónicos e outras técnicas a nível de
nanoescala.
Os animais descarregam os seus golpes com esse punho que tem três zonas
com diferentes composições e propriedade mecânicas. Tem uma alta
densidade de hidroxiapatita, um mineral muito pouco solúvel e formado
por fosfato de cálcio cristalino (o esmalte que cobre os dentes contém
hidroxiapatita).
Debaixo dessa capa exterior e fina de hidroxiapatita existe uma região
que tem barras de quitosano, um composto orgânico descoberto em 1859 que
tem numerosas aplicações comerciais e biomédicas.
Estas barras estão colocadas em direcções diferentes e proporcionam uma
resistência excelente a fraturas. O estudo acrescenta que a terceira
parte do punho consiste numa região de pregas que se estende ao longo
dos dois lados do apêndice entre a superfície de impacto e o material
subjacente que dá uma proteção adicional.
O conhecimento obtido sobre estas estruturas pode inspirar ideias de
design importantes para a fabricação de materiais híbridos que estejam
sujeitos a impactos intensos e repetidos.
Créditos: CiênciaHoje
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