A baleia-azul (Balaenoptera musculus) é um mamífero marinho pertencente à subordem Mysticeti dos cetáceos. Com até 30 m de comprimento e mais de 180 toneladas, elas são os maiores animais que jamais existiram de que se tem conhecimento.
Longo e esguio, o corpo das baleias-azuis apresenta seu dorso em diferentes tons azuis-acinzentados, enquanto que seu ventre é geralmente mais claro. Existem pelo menos três subespécies distintas: B. m. musculus, cujo habitat restringe-se ao norte dos oceanos Atlântico e Pacífico, B. m. intermédia do oceano Antártico e B. m. brevicauda (também conhecida como Baleia-azul-pigmeia), encontrada no oceano Índico e no sul do oceano Pacífico. B. m. indica, do oceano Índico, pode ser uma outra subespécie. Como é o caso das outras espécies pertencentes à subordem Mysticeti, a dieta das baleias-azuis consiste quase que exclusivamente de pequenos crustáceos conhecidos como krill, os quais filtram da água do mar usando lâminas córneas em sua cavidade bucal. Porém, elas também podem se alimentar de pequenos peixes e lulas.
As baleias-azuis eram, até o início do século 20, abundantes em quase todos os oceanos da Terra. Caçadas por mais de um século, foram levadas à beira da extinção pelos baleeiros, até tornarem-se objeto de mecanismos de proteção adotados pela comunidade internacional em 1996. Um relatório de 2002 estimou que existam de cinco a doze mil baleias-azuis ao redor do mundo, distribuídas em pelo menos cinco agrupamentos. Contudo, pesquisas mais recentes sobre as subespécies pigmeias sugerem que a população atual é maior. Antes de serem caçadas, o maior agrupamento estava na Antártida, com aproximadamente 239 000 indivíduos. Os agrupamentos remanescentes atuais, muito menores, com algo em torno de 2000 indivíduos cada, estão localizados a noroeste dos oceanos Pacífico, Antártico e Índico. Outros dois agrupamentos de baleias-azuis encontram-se ao norte do oceano Atlântico, e há pelos menos outros dois no Hemisfério Sul.
A nadadeira dorsal das baleias-azuis é pequena, visível apenas por um curto período de tempo, enquanto mergulham. Através de seu espiráculo, elas podem podem produzir jatos de água de até 9 m de altura. O volume de seus pulmões pode chegar a 5 000 ℓ. Elas também são os animais mais ruidosos do mundo, podendo emitir sons que atingem os 188 dB — mais fortes que o som de um avião a jato — e que podem ser ouvidos a mais de 800 km de distância.
O corpo das baleias-azuis é longo e pontiagudo e, quando comparado ao corpo sólido e reforçado de outras baleias, parece alongado. A cabeça é chata, em forma de U, com um proeminente espinhaço indo desde o espiráculo até o topo do lábio superior. A parte frontal da boca, onde as lâminas córneas estão localizadas, é espessa; cerca de 300 lâminas, com algo em torno de um metro de comprimento cada, estão ligadas à maxila, percorrendo cerca de meio metro em direção ao interior da boca. Elas possuem algo entre 70 e 118 ranhuras (chamadas de dobras ventrais) ao longo da garganta, paralelas ao comprimento do corpo. Essas dobras ajudam a evacuar a água da boca depois de se alimentar (veja mais na respectiva seção abaixo).
A nadadeira dorsal é pequena, visível apenas por um curto período de tempo, enquanto mergulham. Localizada a cerca de 3/4 da distância da cabeça à cauda, sua forma varia de indivíduo para indivíduo; em alguns, a nadadeira dorsal não passa de um caroço muito difícil de se avistar, enquanto que em outros ela pode ser proeminente, com forma de foice. Quando emergem para respirar, as baleias-azuis elevam seus ombros e espiráculo para fora da água muito mais do que as outras grandes espécies de baleias, como por exemplo as baleias-sei e as baleias-jubarte, o fazem. Com esta espetacularidade em mente, é possível a um observador diferenciar estas espécies umas das outras em pleno mar. Algumas baleias-azuis do norte dos oceanos Atlântico e Pacífico levantam as nadadeiras de suas caudas quando mergulham. Durante a respiração, elas espelem um jorro que pode atingir até 12 m de altura, mas que tipicamente não passa dos 9 m. As Baleias-azuis tem espiráculos duplos, que são cobertos por um grande pára-respingos.
As nadadeiras tem entre 3 e 4 m de comprimento. Enquanto a face superior é cinza, com uma fina borda branca, a face inferior é completamente branca. Normalmente, a cabeça e as nadadeiras da cauda são completamente cinzas. Suas partes superiores e, em alguns casos, as nadadeiras, são malhadas. Os padrões do malhado variam substancialmente de indivíduo para indivíduo: enquanto alguns apresentam apenas um tom cinza claro e uniforme, sem malhado algum, outros demonstram combinações de tons azuis escuros, cinzas e pretos, todos em uma malha muito densa.
Apesar de as baleias-azuis poderem atingir velociadades de até 50 km/h por curtos períodos de tempo, principalmente quando estão interagindo umas com as outras, a velocidade em que nadam fica normalmente em torno dos 20 km/h. Quando se alimentam, elas diminuem sua velocidade de nado para algo em torno dos 5 km/h.
As baleias-azuis vivem sozinhas ou com um parceiro. Não se sabe por quanto tempo casais de baleias-azuis ficam viajando juntos. Contudo, em regiões com fartura de alimento, já foram avistadas até 50 baleias espalhadas por uma pequena área. As baleias-azuis não vivem em grandes grupos, como é o caso de outras espécies pertencentes à subordem Mysticeti.
As baleias-azuis alimentam-se quase que exclusivamente de krill, podendo ainda ingerir um pequeno número de copépodes. As espécies de plâncton das quais as baleias-azuis alimentam-se varia de oceano para oceano. Ao norte do oceano Atlântico o cardápio é composto usualmente de Meganyctiphanes norvegica, Thysanoessa raschii, Thysanoessa inermis e Thysanoessa longicaudata ao norte do oceano Pacífico, Euphausia pacifica, Thysanoessa inermis, Thysanoessa longipes, Thysanoessa spinifera, Nyctiphanes symplex e Nematoscelis megalops e, no oceano Antártico, Euphausia superba, Euphausia crystallorophias e Euphausia valentin.
Uma baleia-azul adulta pode comer até 40 milhões krill em um dia. As baleias sempre alimentam-se nas áreas de maior concentração de krill, podendo comer até 3 600 kg de krill num único dia. Isso equivale a uma dieta de aproximadamente 1,5 milhões de quilocalorias diárias.
Devido ao fato de o krill se mover, as baleias-azuis alimentam-se normalmente a profundidades superiores a 100 m durante o dia, vindo a alimentar-se na superfície somente à noite. A duração típica dos mergulhos para alimentação é de 10 minutos, porém períodos de até 20 minutos são também observados. O mergulho mais longo registrado foi de 36 minutos. Para se alimentar, as baleias movem-se rapidamente em direção a grupos de kril, tomando os animais e grandes quantidades de água em sua boa. Na sequência, a água é pressionada para fora com ajuda da bolsa ventral e da língua, passando por suas lâminas córneas. Assim que toda a água é empurrada para fora da boca, o krill remanescente, preso às lâminas córneas, é engolido. Baleias-azuis podem também consumir peixes pequenos, crustáceos e lulas capturadas junto com o krill.
Apesar de serem mamíferos, as baleias não amamentam seus filhotes pelas tetas. O leite da baleia é tão gorduroso que ela o solta na água, de onde o filhote o suga, já que água e gordura não se misturam.
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Cetacea
Subordem: Mysticeti
Família: Balaenopteridae
Gênero: Balaenoptera
Espécie: B. musculus
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